A importância clínica da interação recebe uma classificação de uma a cinco cruzes, nesta classificação são consideradas a severidade do efeito da interação e a documentação (probabilidade de ocorrência, conforme resultados de estudos clínicos) de acordo com o seguinte:
São interações que podem produzir um evento grave para o paciente e que estejam bem documentadas (estabelecida, provável ou suspeita).
São interações que podem produzir um evento de severidade moderada e que estejam bem documentadas (estabelecida, provável ou supeita).
São interações que apesar de produzirem em evento de severidade mais leve estão bem documentadas (estabelecida, provável ou supeita).
São interações que apesar de poderem levar a um efeito de severidade moderada ou até grave, não estão bem documentadas (possível ou improvável).
São interações que resultam em um efeito de severidade leve e que não estão muito bem documentadas (possível). Aqui também podem estar incluídas interações que resultam em efeito grave ou moderado, porém são improváveis de acordo com a documentação existente.
O potencial da gravidade ou severidade da interação é particularmente importante para a decisão sobre os riscos e benefícios de terapias com um ou mais medicamentos que possam sofrer alguma interação medicamentosa ou sobre a necessidade de se utilizar um tratamento alternativo para o paciente. Com o ajuste da dose ou mudanças no esquema posológico, os efeitos adversos de muitas interações podem ser dimininuídos ou evitados, porém em alguns casos pode ser necessário mudar ou suspender o medicamento objetivando uma terapia mais segura. Neste tópico a interação pode receber as seguintes definições:
Grave: Os efeitos podem ameaçar a vida do paciente ou ser capaz de resultar em sequelas permanentes.
Moderada: Os efeitos desta interação podem causar uma piora do estado clínico do paciente que pode resultar na necessidade de tratamento adicional, hospitalização, ou se o paciente já estiver internado levar a um tempo maior de internação.
Leve: Os efeitos nestes casos geralmente são pequenos e a consequência pode ser um desconforto para o paciente que provavelmente não afetará a terapia de maneira significativa. Usualmente não há necessidade de tratamento adicional.
Este tópico está relacionado com a velocidade de aparecimento do efeito da interação e pode determinar a urgência com que as medidas preventivas devem ser tomadas para se evitar a consequência desta interação.
Primeiras 24 horas: O efeito da interação torna-se evidente em até 24 horas da adminstração dos medicamentos envolvidos. São necessárias ações imediatas para se evitar os efeitos desta interação.
Após 24 horas: São interações que o efeito leva mais tempo para ser produzido, podem se manifestar após vários dias e até semanas depois da adminstração do medicamento envolvido.
A probabilidade de ocorrência é definida com base na documentação disponível sobre a interação e representa o grau de confiança que um determinada interação possa resultar em uma resposta clínica no paciente. Este parâmetro representa a qualidade e as evidências na literatura que dão suporte a ocorrência da interação. Porém muitos fatores podem influenciar se uma interação, mesmo que bem documentada, irá ocorrer em um paciente específico. As interações podem receber os seguintes dizeres:
Definida: Comprovada a ocorrência desta interação em estudos bem controlados. Exemplos:
- Alteração de um efeito farmacológico que tem sido demonstrado em estudos clínicos bem controlados.
Provável: Muito provavelmente, mas não comprovada clinicamente. Exemplos:
- Uma interação farmacocinética demonstrada em estudos clínicos bem controlados e com base nas mudanças que este interação causa nas concontrações plasmáticas do fármaco pode-se esperar que muito provavelmente esta interação vai resultar em alterações da resposta clínica do paciente ou quando existe vários relatos de caso mas o estudo clínico é impraticável, porém estudos bem controlados em animais confirma esta interação.
Suspeita: Pode ocorrer, já existe evidências, porém ainda necessita de mais estudos. Exemplos:
- Um interação farmacocinética demonstrada em estudos bem controlados com alterações siginificativas nas concentrações séricas da droga.
- Uma resposta clínica alterada tem sido relatada em vários relatos de casos.
Possível: Uma interação que pode ocorrer mas os dados disponíveis são muito limitados. Exemplos:
- Embora uma interação farmacocinética ter sido demonstrada, as mudanças são de tal magnitude que não é possível prever se irá ocorrer uma resposta clínica alterada.
- As evidências são divergentes quanto a ocorrência ou não de uma interaçã
- Uma resposta farmacológica alterada é sugerida por dados clínicos limitados.
Improvável: Duvidosa, não existem evidências que produzam uma alteração clínica. Exemplos:
- Uma interação farmacocinética demonstrada, porém com base na magnitude das alterações cinéticas, é improvável que ocorra alterações farmacológicas relevantes
- As informções disponíveis são de baixa qualidade ou não favorecem a existência da interação.
- Apesar de relatos da interação, estudos maiores bem controlados refutam a exitência de interações clinicamente significativas.
Informações referentes aos efeitos farmacológicos da interação (por exemplo a diminuição dos efeitos anti-hipertensivos dos inibidores da ECA) e também os achados clínicos (por exemplo sangramentos, arritmias). As interações podem resultar em sintomas de toxicidade ou em perda da eficácia terapêutica de um ou ambos medicamentos. Em alguns casos a interação pode levar ao aparecimento de efeitos que não são esperados com base na ação farmacológica de um ou outro fármaco quando utilizados de maneira isolada. O risco e potencial de uma interação pode persistir por vários dias e até semanas depois da supensão do medicamento envolvido e, quando isto acontece, também é relatado nesta seção.
Uma breve descrição do mecanismo envolvido na produção dos efeitos clínicos da interação, seja farmacodinâmico (por exemplo a diminuição da sensibilidade dos receptores) ou farmacocinéticos (por exemplo a inibição do metabolismo).
Esta seção fornece sugestões de conduta (por exemplo diminuir ou aumentar a dose de um medicamentos envolvido) para previnir efeitos adversos decorrentes da interação. Parâmetros de monitoramento também são incluídos quando forem apropriados assim como sugestões de possíveis terapias alternativas.